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16/03/20

Waldemar Belisário

Texto: Edson Souza

Belisário na Fazenda Engenho d'Água em Ilhabela. 

Em 20 de setembro de 1895, nascia na cidade de São Paulo o renomado artista plástico Waldemar Belisário, irmão de criação de Tarsila do Amaral (esposa de Oswald de Andrade).

Aos 34 anos, Belisário comentou com o seu amigo Martins Fontes: “Estou meio aborrecido aqui em São Paulo, quero me aventurar para ir pintar búfalos e índios no Marajó”… Em resposta, aconselhou-o amigo: — Não faça isso. Vá para Villa Bella (Ilhabela). Você vai gostar muito, lá sim vale a pena pintar.

Fontes explicou a Belisário tudo o que ele precisava saber sobre a Ilha de São Sebastião, localizada no litoral norte da grande São Paulo. Ciente de que a viagem seria sofrida. Belisário não poupou esforços, preparou toda a bagagem e partiu de São Paulo rumo ao porto da cidade de Santos, onde embarcou no navio “Aspirante Nascimento”, que o levaria o mais próximo possível da tão retratada ilha.

Horas de viagem e as âncoras do ‘Aspirante Nascimento’ tocam ao fundo do canal de Toque-Toque, este que separa (ou une?), Ilhabela e o continente. A precariedade naquele tempo era notória. Uma canoa de voga era esperada pelo navio parado ao largo do canal, para que os passageiros pudessem completar a viagem. Logo, esta deixaria o renomado artista no pontão de madeira da antiga vila… Belisário seguiu pelas ruas de terra do lugarejo, até chegar ao ‘Hotel Bela Vista’, propriedade do italiano Francisco Fazzini.

O artista pincelou a ilha no final do século XX, criando quadros que falavam da simplicidade de Ilhabela e da quietude de seu povoado. Traduzindo culturalmente as cores vivas da natureza; a fé e a devoção a São Benedito. Pincelou das canoas de voga aos carros de boi… Nada o incomodava, nem mesmo a agitação da grande São Paulo. Tudo havia ficado para trás.

Encantado com as riquezas e a exuberância da ilha, Belisário resolveu ficar na cidade, comprando uma casa de pau a pique na região da Praia dos Castelhanos, cuja face é voltada para o mar aberto. Nesta tradicional comunidade caiçara, administrou seu sítio, onde cultivava a plantação de bananas e a criação de animais. O isolamento inspirava o artista que passou a confeccionar seus quadros pintados com a alma e muita paixão.

Um deles, “Ensaio da Congada” foi responsável pela vinda de Mario de Andrade e Heitor Villa-Lobos ao arquipélago de Ilhabela. Os poetas escritores admiraram a existência da congada em cores vivas na tela e não pensaram duas vezes em aceitar o convite do renomado artista para assistirem a uma apresentação da congada na ilha.

Waldemar Belisário e Celina Guimarães Pellizzari
Acervo: Waldemar Belisário 

Em 1934, uma canoa de voga trouxe para as terras dos Castelhanos uma jovem paulista, cujo nome era Celina Guimarães Pellizzari. Recém-formada pelo instituto Mackenzie de São Paulo, a jovem cativou o coração do artista Waldemar Belisário. Logo o artista e a professora começaram a namorar. Celina lecionou para as crianças da comunidade dos Castelhanos.

Foi em 24 de dezembro de 1937, véspera de natal, que Celina Guimarães Pellizzari, autora do hino oficial de Ilhabela, casou-se com o renomado artista. A comunhão se deu no município de Villa Bella (Ilhabela), no cartório de paz “Tomaz Bento Barbosa”, onde fora registrado a união civil do casal.

Já em 1942, devido à malária, Waldemar e Celina deixaram o município de Ilhabela. Desta vez, viajando com veículo próprio, que fora comprado com o dinheiro da venda do sítio nos Castelhanos. Passaram a viver no Cambuci e na cidade Ademar em São Paulo. Nesse tempo, ele passou a lecionar desenho nas escolas paulistas, confeccionava quadros, frequentando espaços artísticos e exposições em galerias de arte.

Em 1961, o casal adquire uma casa no bairro do Perequê, retornando definitivamente para a cidade de Ilhabela. Waldemar Belisário faleceu no ano de 1983, com 88 anos. Está sepultado no Cemitério Municipal de Ilhabela.


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