Fontes explicou a Belisário tudo o que ele precisava saber sobre a Ilha de São
Sebastião, localizada no litoral norte da grande São Paulo. Ciente de que a viagem
seria sofrida. Belisário não poupou esforços, preparou toda a bagagem e partiu
de São Paulo rumo ao porto da cidade de Santos, onde embarcou no navio
“Aspirante Nascimento”, que o levaria o mais próximo possível da tão retratada
ilha.
Horas de viagem e as âncoras do ‘Aspirante Nascimento’ tocam ao fundo do canal
de Toque-Toque, este que separa (ou une?), Ilhabela e o continente. A
precariedade naquele tempo era notória. Uma canoa de voga era esperada pelo
navio parado ao largo do canal, para que os passageiros pudessem completar a
viagem. Logo, esta deixaria o renomado artista no pontão de madeira da antiga
vila… Belisário seguiu pelas ruas de terra do lugarejo, até chegar ao ‘Hotel
Bela Vista’, propriedade do italiano Francisco Fazzini.
O artista pincelou a ilha no final do século XX, criando quadros que falavam da
simplicidade de Ilhabela e da quietude de seu povoado. Traduzindo culturalmente
as cores vivas da natureza; a fé e a devoção a São Benedito. Pincelou das
canoas de voga aos carros de boi… Nada o incomodava, nem mesmo a agitação da
grande São Paulo. Tudo havia ficado para trás.
Encantado com as riquezas e a exuberância da ilha, Belisário resolveu
ficar na cidade, comprando uma casa de pau a pique na região da Praia dos
Castelhanos, cuja face é voltada para o mar aberto. Nesta tradicional
comunidade caiçara, administrou seu sítio, onde cultivava a plantação de
bananas e a criação de animais. O isolamento inspirava o artista que passou a
confeccionar seus quadros pintados com a alma e muita paixão.
Um deles, “Ensaio da Congada” foi responsável pela vinda de Mario de Andrade e
Heitor Villa-Lobos ao arquipélago de Ilhabela. Os poetas escritores
admiraram a existência da congada em cores vivas na tela e não pensaram duas
vezes em aceitar o convite do renomado artista para assistirem a uma
apresentação da congada na ilha.
Já em 1942, devido à malária, Waldemar e Celina deixaram o município de Ilhabela. Desta vez, viajando com veículo próprio, que fora comprado com o dinheiro da venda do sítio nos Castelhanos. Passaram a viver no Cambuci e na cidade Ademar em São Paulo. Nesse tempo, ele passou a lecionar desenho nas escolas paulistas, confeccionava quadros, frequentando espaços artísticos e exposições em galerias de arte.
Em 1961, o casal adquire uma casa no bairro do Perequê, retornando definitivamente para a cidade de Ilhabela. Waldemar Belisário faleceu no ano de 1983, com 88 anos. Está sepultado no Cemitério Municipal de Ilhabela.
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